domingo, 1 de agosto de 2010

Sacrifício inútil

Juízes 10:

30 E Jefté fez este voto ao SENHOR: “Se entregares os amonitas nas minhas mãos, 31 aquele
que estiver saindo da porta da minha casa ao meu encontro, quando eu retornar da vitória sobre os amonitas, será do SENHOR, e eu o oferecerei em holocausto”.
32 Então Jefté foi combater os amonitas, e o SENHOR os entregou nas suas mãos. 33 Ele conquistou vinte cidades, desde Aroer até as vizinhanças de Minite, chegando a Abel-Queramim. Assim os amonitas foram subjugados pelos Israelitas.
34 Quando Jefté chegou à sua casa em Mispá, sua filha saiu ao seu encontro, dançando ao som de tamborins. E ela era filha única. Ele não tinha outro filho ou filha. 35 Quando a viu, rasgou suas vestes e gritou: “Ah, minha filha! Estou angustiado e desesperado por sua causa, pois fiz ao SENHOR um voto que não posso quebrar”.
36 “Meu pai”, respondeu ela, “sua palavra foi dada ao SENHOR. Faça comigo o que prometeu, agora que o SENHOR o vingou dos seus inimigos, os amonitas.” 37 E prosseguiu: “Mas conceda-me dois meses para vagar pelas colinas e chorar com as minhas amigas, porque jamais me casarei”.
38 “Vá!”, disse ele. E deixou que ela fosse por dois meses. Ela e suas amigas foram para as colinas e choraram porque ela jamais se casaria. 39 Passados os dois meses, ela voltou a seu pai, e ele fez com ela o que tinha prometido no voto. Assim, ela
nunca deixou de ser virgem.



Amigos, recentemente eu decidi explorar o Antigo Testamento e, para mim que estou habituado a ler sempre os evangelhos e as divinas epistolas Paulinas, tem sido uma experiência muito diferente e grandemente edificante. O relacionamento de Deus com o povo Hebreu, seu cuidado com os portadores de sua mensagem para que não se perdessem em enganos, os grandes líderes, profetas, as pré-figurações do Cristo em muitas passagens me fazem meditar que ainda hoje, as sombras do Novo Testamento podem nos ensinar muita coisa.

Porém não é necessário ser muito perspicaz, para se perceber a monumental diferença que Jesus faz no desenrolar do plano divino. Não só nos textos sagrados, más em nós que os lemos.

Muitas vezes me peguei sentindo compaixão dos inimigos de Israel, que em sua maioria eram exterminados. Me compadeci de um homem que foi apedrejado por recolher lenha aos sábados e meditei sobre as ordenanças do tipo : Não deixem viver a feiticeira!

Clamei, Senhor dê-me entendimento!

Percebi, contudo, que essa sensibilidade moral ao ler essas passagens faz parte de um espírito “Cristianizado”.

(GL 2.20)Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim

Nossa moral ocidental foi moldada através da herança cristã, e em nós Cristãos(pelo menos em princípio) isso é mais patente, porém na maioria das pessoas inconscientemente, foram imputados valores intrínsecos como a importância da conduta justa, e a necessidade da adequada punição para o crime, a prática do perdão e misericórdia.

Más nada do que li até então havia me feito refletir tanto como essa passagem envolvendo Jefté.

Nosso Deus já havia levantado vários lideres para seu povo, e guiado muitos para a vitória antes de Jefté, bastava esse ter se apoiado nos exemplos dos juízes anteriores para saber que se andasse nos caminhos de Deus, a vitória estaria com ele. Más, absurdamente ele faz um voto inútil, tolo, literalmente um sacrifício para ele e para sua única filha.

Jefté sofreu angustiado e desesperado e trouxe sofrimento para sua família no intuito de cumprir um voto totalmente desnecessário. Leio o Antigo Testamento refletindo sobre como o texto pode ser aplicado hoje ainda em nossos dias e nesse caso, penso em quantos sacrifícios tolos podemos fazer pensando ser isso que Deus quer de nós.

Pessoas padecem, pagam promessas com autoflagelos, andam de joelhos distâncias imensas, carregam cruz nas costas durante a páscoa, perdem a vida e deixam morrer entes queridos por achar que Deus é contra a doação de sangue, e na essência todo o valor disso é nada, vazio, oco.

Jefté para mim até então era um nome desconhecido. Muitos heróis da fé foram maiores que ele sem precisar oferecer sua própria linhagem como holocausto.

E se já não fazia sentido naquela época, após ressurreição de Cristo faz menos ainda.

Por isso, temos que ponderar e buscar a orientação divina sempre e em qualquer questão cujo o caminho seja o sofrimento próprio ou alheio.

Pois, se ocorre dessa forma, será que é isso mesmo que Deus espera de mim? Ou estou seguindo meus próprios limitados preceitos?

(Salmo 112.1) Como é feliz o homem que teme o Senhor e tem grande prazer em seus mandamentos!"

(I Samuel 15:22) “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros.”

(Salmos 51:16) Pois tu não te comprazes em sacrifícios; se eu te oferecesse holocaustos, tu não te deleitarias.

(Salmos 51:17) O sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.

(Mt 9,13).Misericórdia quero e não sacrifícios.